segunda-feira, 7 de março de 2011

"Julieta dos Espíritos", de Fellini, e o Dia da Mulher



Algo que li hoje de Fellini sobre seu filme "Julieta dos espíritos", de 1965. Minha homenagem ao Dia da Mulher, amanhã, 08/Março:

"A masculinização da mulher é uma das coisas mais horríveis que pode acontecer. Não, a mulher não deve emancipar-se por imitação- o que seria um desenvolvimento no âmbito daquela famosa sombra masculina-, mas sim descobrir sua prória realidade, uma realidade diferente. Diferente, me parece, da do homem, mas profundamente complementar e integrada à aquela. Seria um passo na direção de uma humanidade mais feliz."

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Divagações nas aulas de violão



Fazendo aulas de violão há quase dois anos, já é possível tocar algumas músicas. Mas sou tímido, e não gosto de errar em público. É até uma boa oportunidade para trabalhar isso...

Algumas divagações e constatações interessantes que me ocorreram nas aulas de violão:

1. Não consigo aprender observando gestos de outra pessoa. Geralmente quem aprende violão absorve muito vendo o professor e os outros tocarem. Eu só consigo aprender uma música através da leitura da cifra e da batida escritas. Isso me fez lembrar dos tempos de escola, em que absorvia pouca coisa do que os professores falavam (e eles faziam isso a maior parte do tempo), e tinha mais facilidade em aprender lendo os livros e apostilas. E me ocorreu que a escola (não sei se é assim hoje) deveria estar preparada para lidar com esse perfil de aluno, ao invés de submeter todos aos mesmos métodos pedagógicos.

2. Há de fato um parentesco entre os gêneros musicais que conhecemos. Me convenci disso através das batidas de violão, que é algo que me fascina (sempre que possível quero aprender uma música com uma batida diferente). Adoro música disco (anos 70), e acho a batida muito legal. Por exemplo: Nice and Slow, de Jesse Green. E não é que a ótima "Essa boneca tem manual", de Vanessa da Mata, tem a mesma batida? E Queixa, de Caetano, que é uma das minhas favoritas, também?! Aí percerbo a influência entre as tendências na música. Os discos de Caetano dos anos 1970-80 têm muita influência da discoteca. Assim como ela influenciou também Rita Lee, Gil, Ney Matogrosso... agora descobri a batida do carimbó, através da interpretação de "Sinhá Pureza" por Vanessa da Mata. O carimbó tem a ver com a lambada. E por aí vai... :-)

domingo, 13 de junho de 2010

Dois costumes curiosos do cinema americano


Como diz Caetano (em Black or White, do album Circuladô ao Vivo), os americanos representam boa parte da alegria existente neste mundo. Creio que muito disso se deve à sua música e ao seu cinema.

Mas dois costumes curiosos quase unânimes associados à representação no cinema americano me chamam a atenção:

1. O ator e o personagem devem ter afinidade de personalidade e características. É preciso que o público acredite que o ator seria capaz de realizar as mesmas coisas que o personagem, caso fosse exposto a situação idêntica. Ou seja, ele é o próprio personagem. :-)

2. Talvez como uma extensão do outro costume, o ator precisa ser fisicamente igual ao personagem para que tenha credibilidade. O cinema americano é muito físico. Como prova de sua capacidade de representação, os atores precisam engordar, emagrecer, usar vendas nos olhos até dispensar a visão, etc. O ator normalmente é reconhecido e elogiado quando passa por um processo doloroso de adaptação física ao personagem. E vice-versa.

quarta-feira, 9 de junho de 2010


Época de São João, uma homenagem ao meu ídolo Genival Lacerda. Essa letra é rara na internet.


Americanizado
(Jorge de Altinho / Genival Lacerda)
Gravação: Genival Lacerda
Gravadora: RCA (BMG – Ariola)
Ano: 1986

Aqui tudo mudou, tudo tá mudado!
Aqui tudo pirou, tudo mudou, tá tudo americanizado

Até logo é tchau, e rapaz é BOY
Eu não entendo o que se fala por aqui
Na lanchonete é SELF-SERVICE e SANDWICH
Só se veste STONE WASHED, JEANS e calça LEE
Até no rádio o locutor só fala inglês
Só se ouve SHOW, POWER e ROCK'N'ROLL
Um tal de LOVE, mãe, quer dizer amor
Até Paulo de Quitéria mudou o nome pra PAUL


Um cachorro de pano se chama SNOOPY
Um OK quer dizer tudo acertado
Uma loja variada é SHOPPING CENTER
Um MOTEL é do casal sem estar casado
Mamãe, aqui tá tão americano
Que a criança só brinca com ODYSSEY
Meu gravador só toca apertando o PLAY, mãe
Aquele povo macho-fêmea agora é GAY

quinta-feira, 18 de março de 2010

Reflexões...

Não tentar transformar os outros em nós mesmos é um exercício para toda a vida. Espero pelo dia em que não irei me perceber fazendo isso com frequência.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Quatorze preceitos do budismo engajado socialmente

Quando era mais novo (nao faz muito tempo!) me interessava por zen budismo.

Encontrei essa semana os preceitos a seguir. Cara legal esse Trich Nhat Hahn.

Os quatorze preceitos do budismo engajado socialmente, como delineado por Trich Nhat Hahn:


1. Não seja idólatra por causa de nenhuma doutrina, teoria ou ideologia, mesmo as budistas. Os sistemas budistas de pensamento são meios de orientação; eles não são a verdade absoluta.

2. Não pense que o conhecimento que você possui no presente é imutável, ou que ele é a verdade absoluta. Evite ser fechado e estar preso a opiniões presentes. Aprenda a praticar o desligamento de pontos de vista a fim de estar aberto a receber os pontos de vista de outros. A verdade é encontrada na vida e não simplesmente no conhecimento de conceitos.

3. Não force os outros, incluindo crianças, por nenhum meio, a adotar seus pontos de vista, seja por meio de autoridade, ameaça, dinheiro, propaganda, ou mesmo educação. Entretanto, através do diálogo compassivo, ajude os outros a renunciarem o fanatismo e a estreiteza de idéias.

4. Não evite o sofrimento, não feche seus olhos ao sofrimento. Não perca a consciência da existência do sofrimento na vida do mundo. Encontre maneiras de estar com aqueles que estão sofrendo, incluindo contacto pessoal, visitas, imagens e sons. Por tais meios, lembre a si mesmo e aos outros à realidade do sofrimento no mundo.

5. Não acumule riqueza enquanto milhões passam fome. Não faça o objetivo da sua vida adquirir fama, lucro, riqueza, ou prazer sensual. Viva simplesmente e compartilhe seu tempo, energia e recursos materiais com aqueles que estão passando necessidades.

6. Não mantenha a raiva ou o ódio. Aprenda a penetrá-los e transformá-los enquanto eles ainda só existem como sementes na sua consciência.

7. Não se perca nas distrações à sua volta, mas continue sempre em contacto com tudo que é maravilhoso, refrescante e curativo dentro de você e ao seu redor. Plante sementes de alegria, paz e entendimento em si mesmo, a fim de facilitar o trabalho de transformação nas profundezas da sua consciência.

8. Não pronuncie palavras que podem criar discórdia e causar a quebra da comunidade. Faça todos os esforços para reconciliar as pessoas e resolver todos os conflitos, nem que sejam pequenos.

9. Não diga coisas falsas nem por interesse pessoal, nem para impressionar as pessoas. Não diga palavras que causam divisão e ódio. Não espalhe notícias que você não sabe se são verdadeiras. Não critique ou condene coisas das quais você não tem certeza. Sempre fale a verdade, de maneira construtiva. Tenha a coragem de levantar sua voz quando vir uma situação injusta, mesmo quando ao fazer isto você coloca sua segurança em perigo.

10. Não use a comunidade budista para ganho ou lucro pessoal, e não transforme sua comunidade em um partido político. Uma comunidade religiosa, no entanto, deve tomar uma atitude clara contra a opressão e injustiça, e deve tentar mudar a situação sem se envolver em política partidária.

11. Não viva com uma vocação que é nociva aos seres humanos e à natureza. Não invista em companhias que privam outras pessoas da sua chance de viver. Selecione uma vocação que o ajude a realizar seu ideal de compaixão.

12. Não mate. Não deixe que outras pessoas matem. Encontre todos os meios possíveis de proteger a vida e impedir a guerra.

13. Não possua nada que deveria pertencer a outras pessoas. Respeite a propriedade dos outros, mas impeça os outros de lucrarem do sofrimento humano ou do sofrimento de outras espécies na Terra.

14. Não maltrate seu corpo. Aprenda a cuidar dele com respeito. Para preservar a felicidade dos outros, respeite os direitos e os compromissos dos outros.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sobre as declarações de Caetano


Como disse Lula a respeito de Hugo Chavez, entendo, mas não concordo com as declarações de Caetano sobre Lula (reprodução abaixo).

Fico muito a vontade para comentar porque sou fã dos dois. Considero Caetano um dos artistas mais brilhantes, senão o mais brilhante, do século XX.

E desde os meus 17 anos voto repetidamente em Lula, para mim um gênio do carisma e das relações humanas. Sempre votei em Lula esperando exatamente essa performance em termos de resultado de governo, embora torcesse por um Lula mais rebelde, que talvez não desse certo. É pena que o Brasil não o elegeu antes, e de 1989 pra cá a nossa situação social e ambiental tenha se agravado tanto.

Penso que a história de vida de Caetano infelizmente lhe tenha feito esperar que o Brasil fosse visto como grandioso nas nãos de um professor, de um sociólogo. Que seria preciso uma pessoa de berço, mas ao mesmo tempo sensível, para fazer o Brasil acontecer. Lula tá longe disso, mas deu muito mais certo do que essa alternativa.

O que deve incomodar (e muito) a uma mente sutil e inovadora como a de Caetano não é (óbvio) a escolaridade de Lula, mas o seu raciocínio sequencial e simplista, de feijão com arroz, de torcedor de futebol. Mas um político de eficiência ímpar.

Já era tempo de Caetano perceber que é possível conciliar as duas coisas. E que nesta década precisávamos muito de um líder como Lula.

Mas concordo com Caetano que 2010 é a vez de Marina!

http://correio24horas.globo.com/noticias/noticia.asp?codigo=40687&mdl=49

Redação CORREIO

Como sempre faz nas entrevistas, o cantor e compositor baiano Caetano Veloso não teve meias-palavras e soltou o verbo. Desta vez, falando para o jornal O Estado de S. Paulo, ele fez declarações polêmicas relacionadas ao presidente Lula, a quem chamou de analfabeto, cafona e grosseiro.

O santo- amarense, que toca na capital paulista hoje (6), amanhã (7) e domingo (8), afirmou que votará na ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nas próximas eleições presidenciais. “Pode botar aí. Não posso deixar de votar nela. É por demais forte, simbolicamente, para eu não me abalar. Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo”, afirmou. E foi além: “Ela (Marina) é meio preta, é uma cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula que não sabe falar, é cafona falando e grosseiro. Ela fala bem”.

Caetano também comentou sobre a situação atual do país, citando uma matéria publicada no jornal americano The NewYork Times. “Sempre achei que o Brasil é um país com destino de grandeza e uma originalidade fatal”, disse. O cantor e compositor também revelou que não temccelular e que se considera parcimonioso com relação à tecnologia, mas que gosta muito de trocar mensagens em e-mails.

(Notícia publicada na edição impressa do dia 06/11/2009 do CORREIO)